O som do coração
Música não é efêmera. Tão logo se acaba basta apertar o play ou para os nostálgicos abaixar a agulha que tudo recomeça.
A música é invisível, não tem cor nem cheiro, mas tem textura. Ouvir uma música é como tomar uma taça de vinho. Alguns simplesmente bebem e acabam com garrafa apenas para se embriagar. Aqueles que têm paladar mais apurado sentem o cheiro, os sabores e apreciam cada detalhe como se fosse o último.
Não dá para viver sem música. Tudo tem som. A própria vida tem como referência as batidas do coração. A música está solta no ar.
Não existe música ruim. É tudo uma questão de referência e estado de espírito.
A crítica surge sempre de uma comparação. Quando se diz que algo não está bom, deve-se ter qualquer coisa melhor como referência. E, isso inclui parametros sociais, culturais, econômicos e musicais.
Hoje quando se avalia música há dois extremos: um que é o apocalíptico. São os pregadores de que o som se resume em um grupo seleto de cantores e o que sobra deve ser escondido em baixo do tapete.
Do outro lado temos uma seita incondicional de lobisomens. São aqueles que durante o dia, no trabalho, fazem questão de afirmar que são adoradores de Chico Buarque já a noite são fãs incondicionais de Chiclete com Banana.
No meio disso tudo existe um limbo. Uma espécie de purgatório musical onde vivem aqueles que se permitem a gostar de tudo um pouco sem medo e sem escrúpulos. Vivem a música na sua mais profunda intensidade.
No entanto, não há condenação para nenhum desses grupos, já que o ponto em comum entre eles é que todos entendem e sabem que a música é universal. E, que para sentir sua energia basta fechar os olhos e deixar o som se encontrar com a alma.